Lá no quintal da minha casa paterna/materna, ou seja, do seu Ricardo e Dona Meire, eu, também era rei, e naquele época, tínhamos uma lei que obrigava, todo mundo a ser feliz...pois, “no tempo da maldade, a gente nem tinha nascido...” .
O espaço do terreno era enorme , ia de uma rua na outra.
Era uma selva diferente e agradável, que além das feras imagináveis tinha os pés de manga, laranja, caju, amora, pitanga ,abacate, goiaba , e até de laranja lima, além dos mamoeiros, pés de mamona , mandioca , paineiras, e outras árvores gigantes, cujo nome deslembro , e que faziam belas sombras, onde descansávamos do árduo trabalho de brincar... e suas copas nos abrigavam das pequenas chuvas...
Muitas vezes os meus cachorros : Marulho e Sultão, faziam o papel de leões ou tigres, os gatos : Chin e Malhado, eram onças ou panteras... os galos e galinhas índias do meu irmão Salomão, além dos pássaros livres, representavam vários outros animais selvagens...
Já os elefantes e outros bichos maiores, ficavam por conta da nossa fértil imaginação...
Um número imenso de crianças vinham de todos os cantos da cidade, todos os dias, brincar comigo, no meu quintal.
Nele havia também uma casa grande de madeira, que quando ficava desocupada (não estava alugada) era motivo de euforia, pois transformava-se em um dos esconderijos, e, ou, locais para reuniões do nosso time de futebol.
Tudo de interessante, que víamos nas telas do Cine Teatro Getulina( então do Chico Antão) ou do Paroquial São Luiz (do Padre Lupércio), transportávamos , à nossa maneira, para o quintal lá de casa, ora apresentávamos no cirquinho (que ficava embaixo do porão), ora em nossa selva ou mata virgem (vejam, naquele tempo elas ainda existiam!...) .
Eis a turma : Nicolau Armelli, Mário (Foki) e Paulo Takeda, Toninho, Balô, Ditão e Dinho Mengato, Waldir e Oldenir (Bil) Nocchi, Francisco Osmar e José Luiz (Ziza) Ambrósio, Roberto Janeiro,José Belmonte( Zé Boteco),Arlindo(Carabina) Miltinho e José da Silva, Onofre, Ledo, Diné e Moacir Giorgiani, Edson (Esquerdinha) Eller, Clodney (Diney) Falqueiro,Pedro(Pedrão) Silva, Pedro Saunitti, Dera, Nico, e Abelardo Silva, Hermelindo Schuindt, Salvador(Bolinha) e Francisco ( Chico) Alves, Marival e Tunico Trazzi, ,Álvaro (Alvinho) Cotarelli, Toshio, Sumió e Eikiti Noda, Chico Mattos, Boli, Lineu e Walter Canazzaro, Mitio e Vitório Gotto, Renê, Sabaru, Minoru e Jorge Toshiuki (Tostiã) Aoki, Roberto (Padreco), Alberto (Canarinho) e Gilberto (Quinhentão) Fonseca, Roberto e Rui Bertoni, Patico e Pérsio Leite, Mitiaki Hosoi, Tonico Dinalli, Piolim e Zéca Rigoldi, Alvaro Toscano, Nilson e Linconl Chinchila Martins, Angelo e Roquinho Tricárico, Percival Raul Becegato, Shinji Ogoshi, Massuo (Maipú) Kato, Wanderlei (Gato) Vivan, Mário (Tico) e João Cione, Antonio (Toninho) Rabito, Adalberto (Mazaropi) Macedo, Roberto (Pó de Arroz) De Fully, Roberto (Beto) Leão, Teodoro Sato, Mario (Marinho) Martinucci Filho, José Roberto (Poli) Laureano Bicudo, Nelson (Nelsinho) Perche de Menezes Junior, Waldomiro Borges(Dinho) Bana, Carlos (Dinho) e Armando (Picôvo) Alfieri,Luiz Alfredo (Enxadão) Campos Marques, Osório (Osorinho) e Carlos Parreira, Roberto (Betão) e Rubens (Rubinho) Sterse, Toninho (Pizza) Cecilio, Anibal (Chuca) Tobias, Fernando Simões, Jaime Bozelli, Athaide Walter (Ventila) da Silva, Antonio Ernesto e Sebastião Luiz (Fuzileiro) Ferraz Tavares, Onivaldo (Budê) Martins, Euclides (Cridio) Zuliani ,Luiz Francisco (Nego) Zabeu, Vardi (Portugues)Francisco Soares, Geraldo e José Alcino dos Santos, Aldo Kominami, Wagner Zanco, Eduardo (Baiano) de Mattos, Alécio (Alecião) Bernardes, Celso de Oliveira Capitão (Capitãozinho) , Anésio (Primo) Valenciano( que ali, às vezes, levava, para ver a nossa brincadeira, o seu pequeno sobrinho Geraldinho Pisca Pisca), Eudaldo (Dado) Borges de Souza, Ilson Gonçalves, Isaias Bonfim, Nicola Sergio Dilleli, Florindo (Macarrão) Delalíbera, Roberto Ramos,Ademar Carlos dos Santos, Osmani Amaral ,Sadao Japonês (Quitanda), Joaquim (Quincas/Leblanc) Rebouças, Armando (Buroca) Nakamura, Carmelo Pagliuso, Ildeu Ivan (Minduim) Peres Leite, José (Gueré) e Oliveira (Guinho) Vasques, Ademar (Miosótis) de Oliveira, Ildo(Ildão) Caliani, Rafael (Dutra) Alberto, Atshushi (Bodão) Nakao,Pedro (Pedrinho) Araujo, e outros colegas e amigos, cujos nomes , no momento não me ocorreu, mas , igualmente como os demais, jamais serão esquecidos....
Pelo nosso quintal apareciam, de quando em vez, os ídolos, heróis e artistas do cinema : Fantasma, Zorro, Homem Aranha, Capitão Marvel, Superman (Super Homem), Tarzan e Jane, Jim das Selvas, Capitão América, Billy Kid, Sansão e Dalila, Durango Kid, Aranha Negra, Tocha Humana, Peter Pan, Robin Hood, Três Mosqueteiros, Vampiro, Frankstein, etc.
Alguns dos meninos mais destemidos, subiam nas árvores e em alguns troncos amarravam cordas, que antes eram enfeitadas com galhinhos e folhas, para transformarem-se nos cipós do Tarzan... todos queriam ser o “rei da selva”, mas, o dono do quintal, com o seu “carção” azul (de fazer educação física) era, geralmente, o “musculoso” homem-macaco...
Naquele tempo, tanto eu, como toda a molecada, tínhamos medo: da Noiva, que vinha, beirando a meia noite, de véu e vestido branco , lá da ponte e subia a Rua Campos Salles; do Lobishomem do Vencaia, enorme cachorrão que espantava animais e metia medo no pessoal; do Capeta, com os olhos de fogo, montado em enorme porca, lá da Fazenda Chantembled; do Saci, com uma perna só, barrete vermelho na cabeça, fumando cachimbo, lá do Macucos; do Batião Cara Feia, um famoso jagunço de outrora, que possuía uma bengala/punhal, cujo semblante nos apavorava...; do Homem da Capa Preta, que aparecia altas horas da noite na Rua Albuquerque Lins, cercando e assustando a molecada...; do Mirante, gigante ruivo, com óculos, cujas lentes pareciam fundo de garrafa, tinha uma voz cavernosa que nos intimidava; Joãozão, meio aluado, bebia seus tragos nos bares, e pelas ruas, quando insultado, mostrava uma língua enorme e ameaçava correr atrás da molecada, mas, quando estava aparentemente bom e sóbrio, demonstrava ser muito inteligente e trabalhador , apresentando uma série de trocadilhos memoráveis, capinava vários quintais e laborava na roça; do Pascoalim, Botina, Pedrão e Tervina , eram laboriosos até sexta feira, nos fins de semana, quando ficavam embriagados, tornavam-se ora alegres, ora ofensivos; além de vários fantasmas, caveiras e vultos, que diziam aparecer nas casas vazias e terrenos baldios, em noites de sexta feira.
Quando eles eram invocados, ironicamente, pelos nossos pais, ficávamos mais obedientes, tomávamos logo o remédio ou banho necessário, ou comíamos toda a comida, até raspar o prato, e vínhamos mais cedo para casa...
Hoje, deles, a gente não teria mais medo...
Era tão bom aquele tempo do “ Faz de Conta”...parecia que a gente não cresceria nunca, nem iria ficar doente ou, até que um dia ia ter que morrer...
Pés descalços, calças ou calções curtos, peitos nus, brincávamos o dia todo, fazíamos, antes da chegada da maioria dos colegas, profundos buracos, como armadilhas, no meio do caminho da nossa selva, onde antes cagávamos dentro e colocávamos espinhos, após cobríamos com galhos e folhas secas... depois de voltearmos o buraco, provocávamos a molecada para que corressem atrás da gente, o que era feito, quando alguns despencavam dentro da arapuca, rompendo os galhos secos e sujando-se todos de bosta , eram choros e palavras que soavam do mais baixo calão... o que causava risos e gargalhadas dos mais afoitos...
À tardinha, quando o sol ia se despedindo para a nova e bela apresentação da lua, que surgia por detrás de algumas nuvens de cambraia, a nossa brincadeira se interrompia, eis que as dedicadas pagens do nosso Tarzan ( então jovens : Maria Tonza e Mercedes Morilho), à pedido de Dona Meire, vinham buscá-lo para o banho e jantar....iria prosseguir tudo de novo, na nova e próxima manhã, quando o sol retornava morno e brilhante, e a lua desaparecia no céu...
Quando estava escurecendo, colocávamos linhas ou barbantes, pouco acima do solo, cruzando o caminho, para derrubar os colegas distraídos, na correria de se ir embora... além da alta exaltação de “filhos da puta” prá cima... muitas vezes, tínhamos que separar ferrenhas brigas ... cujas reconciliações, geralmente, se faziam no dia seguinte.
Aqui entre nós, recordemos...pois, estava plenamente certo, quando falou e disse o outro poeta: “não sei por que a gente cresce... se não sai da gente essa lembrança...”?!?
Qta saudade dessa turma toda!.Essas brincadeiras até ingenuas,amizade verdadeira;hoje tão dificil de se ver entre os jovens.,que beleza de texto Milton,você também é poeta.Parabens!!!Um presente pra todos que vivenciaram essa época.
ResponderExcluirCleusa Bedore
Muito bom, Milton que bom ter pessoas com as suas lembranças e capacidade para descreve-las tão bem como você. O homem sem passado é um homem vazio nos sentimentos. Continue firme em seu propósito. Abraços de seu amigo de sempre, Rubens Perche de Menezes.
ResponderExcluirOla´mestre Milton , neste quintal não tinha pé de caqui, pois voce ia buscar na chacara do |Messias , depois do cemitério e fazia eu ir junto ajudar a trazer com a bicicleta. aí vc deixava um pouco na minha casa e ensinava a por uma gota de pinga no talo da fruta para ela madurar e não ficar amarrando . abração
ResponderExcluirLuizinho Godoy
Quantas lembranças....alegrias, fase esta que se foi mas, ainda permanece em nosso coração.
ResponderExcluirComo curto,relembrar tudo isso. Você,Miltom e toda sua patota,brincavam ali pela redondeza da Rua Dr.Carlos de Campos e eu passava as tardes no Bazar da Zackia e do SR. Miguel, aprendendo ponto de cruz, vagonite,tricô,macramê.às vezes , já mais velho aparecia lá na esquina de casa, você com seu periquitinho no ombro.Bons tempos!!!!
Parabéns,pois através de suas reminiscências, podermos relembrar esta fase tão linda...
Que delícia poder voltar e ficar por um tempo na "estação do passado". Voltei, se não nas mesmas brincadeiras mas em outras parecidas e mais comedidas, pois éramos todas meninas.Fiquei emocionada ao ver nomes de pessoas que me eram caras: Alécio (meu primo, filho da tia Olívia), Roberto,Pó de arroz, filho do dentista, Adalberto Macedo, Celso Capitão, Quincas Rebouças,Osmani Amaral, filho da madrinha Odete,Ildo Caliani. Lembro- me da "noiva" da ponte que ficava perto da casa do Nildo Caliani; do Mirante, do Botina, não sei se você se lembra também da Maria Pinga. Viajei junto com você pelos deliciosos caminhos da infância. Obrigada!
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