domingo, 10 de junho de 2012

DE REPENTE... MAIS UM REPENTE

AH! O mês de junho, das manhãs ardentes, com suas noites tão românticas, tão dolentes, cheias de estórias e histórias, com crendices e disse me disses, fogos de artifícios, músicas, quermesses , os terços  em louvor aos Santos Juninos, quadrilhas,flerts, com olhares trigueiros, das moças, rapazes, homens , mulheres, crianças, na cidade, nas capelas, e nos terreiros das fazendas, que tem e tinham café, que o povo chega de carro, cavalo e à pé...
Isso me faz lembrar, dentre outros, o seu Quinzinho, o sempre pranteado Joaquim Torres Mendes, um homem bom, que fora honesto funcionário municipal, depois aposentado,sempre disposto e sorridente, que marcava as quadrilhas prá gente, em todos os lugares, tanto na cidade, como na roça, sob os olhares apaixonados dos integrantes , que sonhadores  participavam, com emoção e descompassado coração, no compassado ritmo dançante, que nunca sai danossa mente, fazendo o passado virar o presente, e aparecer em cenas deslumbrantes, igualzinhas como acontecera antes...pondo a gente a sonhar confuso, sem nunca despertar...e reaprender a amar...o que ficou no desuso.
E as primas, as amigas, os amigos, os namorados e os variados pares, vão virando rimas, em prosas, sonetos e poemas, preenchendo velhos temas, que vocês tem que aturar, desse poetinha , inveterado sonhador, metido a repentista, que muito amou e viveu querendo ensinar, como é fácil e difícil a gente gostar de quem não gostava da gente, e agora, às vezes até chora, ao ler, nos ouvindo a falar, precisamente aquilo que gostaria de ter feito, ou de ter tido, a oportunidade de realizar...
Lá na festa da roça, mesmo aos que vieram de carroça, corria solto o quentão, passando de mão em mão...e assim como a canjica, a pipoca , o amendoim, os doces e a mandioca...
Ouço, então, cochicho,riso, zunzum,e depois alguém pedindo mais um , prá animação pessoal, ao lado o povão vibra e  grita, é festa no arraial !
Enquanto a sanfona chora, sob a luz do luar, há estrondos  do foguetório, pela noite afora, e os pares continuam a dançar...
As muié rezadeira oram, e cantam o terço ou rosário, na capela diante do santuário...
E a Periquita, que é prendada e bunita , com seu vestido de chita, pede aos Santos, pede aos treis, que a ajude a desencalhar de veis, e logo lhe traga o seu bem amado, “pois, todas as festas, são tristes, sem  ter um amor ao nosso lado”...
Também há os pedidos dos solteiros, velhos,  e feios, que também são gente, e têm coração...que são bonitos por dentro, que lhes ajude Deus, Jesus, Nossa Senhora, atendido os pedidos, intercedidos  pelos Santos Juninos, que façam surgir hoje, agora, o seu pé de meia, ou cara metade, que para amar, não se tem  idade...
Pelo que se vê e se via, ninguém estava querendo ficar prá titio ou titia !...
E o seu  Quinzinho, todo imponente, ia dirigindo e divertindo a gente, em brilhante fulgor, nos belos sons da quadrilha, da sanfona que o seu Néco dedilha, com maestria e furor !...
No alto do mastro tremulam as bandeiras dos Santos: Antônio, Pedro e João, o povo todo festeja... no escuro, um par de jovens se beija, no arrasta pé aqui do chão...
E de longe, se vê e ouve Seu Quinzinho, marcando a quadrilha e comendo romã, gritar sonoramente: “ Balancez ! Tour !  Em Avant ! “...
E a grande fogueira , mesmo ficando pequena (emocionante  cena ! ) ajuda a iluminar a capela, o terreiro, e a alegria  daquele povo festeiro, contagia à todos, animadamente, que vendo terminar a festa presente, vai pensano, triste  e  contente, na festa do próximo  ano !
Aqui  entre  nós,  prá terminá, diga sem medo :
Viva  Santo  Antônio,
                                   São    João  
                                                                       e,  São  Pedro  !


                                                                       Milton  Hauy